Não há a menor dúvida: temos visto muitas mudanças na maneira em que os membros de A.A. se comunicam entre si a partir de 2010, quando mais de 50.000 se reuniram em San Antonio, Texas, para a última Convenção Internacional. Os aparelhos mudaram e as plataformas também mudaram.
Mas não mudou de modo algum o nosso princípio de anonimato.
Por que anonimato ainda continua sendo tão importante para o bem-estar da nossa Irmandade? Embora as razões sejam inúmeras, é de especial importância o fato de que o anonimato oferece ao indivíduo que está lutando com o alcoolismo, uma maneira segura de procurar a ajuda de A.A. sem se preocupar com a possibilidade de que outras pessoas saibam disso. Frances Brisbane, Custódia Classe A – não alcoólica, durante seus anos como profissional no campo do alcoolismo, encaminhou inúmeros alcoólicos a A.A., e em sua opinião, “de tudo o que lhes digo sobre A.A., o que mais os encoraja a participar de sua primeira reunião é o princípio do anonimato”.
Isso não significa que A.A. seja uma organização secreta e, as Convenções Internacionais não são, absolutamente, eventos secretos. Embora os membros de A.A. não deem seus nomes completos nem deixem filmar seus rostos quando a partilham a informação sobre A.A. através dos meios de comunicação públicos, nossos membros encontram diversas maneiras de colaborar com nossos amigos da imprensa para que o mundo saiba que temos uma solução para o problema mortal do alcoolismo. Na nossa Sala de Imprensa/Mídia no website de A.A., www.aa.org, há uma rica mina de informações para os profissionais de mídia sobre a nossa Irmandade mundial e a respeito de como os membros de A.A. podem colaborar com a imprensa.
Na Convenção Internacional em Atlanta haverá uma Sala de Imprensa totalmente equipada e auxiliada por pessoal de apoio muito bem preparado. É preciso reconhecer que um evento reunindo mais de 50.000 pessoas, até algum tempo atrás alcoólicos desesperados, que se juntam para comemorar 80 anos – felizes, alegres e livres – é de grande interesse jornalístico. De acordo com Jim M., coordenador de Informação Pública do Escritório de Serviços Gerais: “Queremos que a imprensa saiba que ‘nós’ estamos em Atlanta para comemorar 80 anos de A.A. sem revelar através dos canais de mídia a identidade pessoal de alguém que faça parte desse ‘nós’. Desta forma focamos a atenção do público na mensagem e não em qualquer mensageiro particular”.
Terry Bedient, Presidente da Junta de Serviços Gerais, considera o anonimato não como um ato de autocontrole, mas como uma manifestação ativa de amor e serviço. “O anonimato é um presente que cada membro dá à Irmandade. É a humildade em ação, uma decisão voluntária tomada pelos membros de A.A. de deixar de lado o reconhecimento pessoal para dar destaque aos princípios e o programa de A.A.”.
Atualmente, é possível compartilhar fotos e vídeos através de aparelhos digitais quase instantaneamente. E aos membros de A.A. lhes encanta compartilhar. Na hora de tomar uma decisão sobre a prática pessoal de anonimato, uma frase, ligeiramente revisada, do Livro Grande oferece uma boa sugestão: “Não é o fato de [compartilhar], que está em julgamento, mas quando e como [compartilhar]” – “Alcoólicos Anônimos”, página 125/5/1 – Junaab, código 102.
Muitos membros de A.A. também leram em nossa literatura o sábio conselho de “conter a língua e a pena”. Para muitos de nós tem sido bastante útil este princípio de reflexão prudente antes de falar ou escrever. Um membro disse recentemente em uma reunião de A.A.: “Também devo praticar esse tipo de autocontrole quando se trata de ‘clicar e enviar’”.
Espera-se que algumas dezenas de milhares de alcoólicos participem da Convenção, mas, outros dois milhões de membros de outras partes do mundo não irão estar lá. Os membros que têm a sorte de desfrutar da experiência da Convenção pessoalmente, sentindo-se profundamente agradecidos, muitas vezes querem “transmitir” esse sentimento para seus fieis companheiros que nos seus respectivos Grupos e países continuam atendendo ao telefone, preparando a sala de reunião, fazendo café e procurando que todos os outros serviços possam ser prestados sem interrupção para os principiantes que cheguem quando alguns de nós estamos longe de nosso grupo base.
Embora publicar nas redes sociais fotos e vídeos das suas experiências da Convenção possa parecer a maneira mais “fácil e cómoda” de comunicá-las aos outros, publicar algo que revele que alguém é membro de A.A. em uma área da Internet acessível ao público em geral não está de acordo com a tradição de anonimato do A.A. – ver “Guia de Orientação na Internet” , Junaab, código 245 e também o website => https://www.aa.org/sites/default/files/literature/assets/smf-197_sp.pdf
Felizmente, há outras maneiras com as quais membros podem comunicar sua experiência. Por exemplo, enviar uma foto por e-mail para seus amigos (consulte “Guia de Orientação na Internet” para sugestões relacionadas ao uso de e-mail e a função de ‘Bcc’ – cópia oculta). Ou pode fazer upload de conteúdo para um programa (P2P – pessoa a pessoa) para compartilhar arquivos protegidos por senha. E, mesmo parecendo muito antiquado em um mundo digital, há membros que preferem esperar retornar às suas casas para compartilhar fotos e histórias pessoalmente com seus companheiros.
Os AAs podem querer informar a outras pessoas que um vídeo da cerimônia do desfile de bandeiras, com anonimato protegido, será transmitido via website de A.A. => www.aa.org no fim de semana da Convenção (N.T.: entre os dias 2 e 5 de julho de 2015).
Certamente, ninguém pode impor “regras”, quanto à forma em que outros membros praticam o anonimato pessoal perante a imprensa. Na nossa Irmandade, a autoridade reside na nossa consciência de grupo esclarecida, que costuma se manifestar na literatura aprovada pela Conferência como, por exemplo, “Entendendo o Anonimato” – Junaab, código 216. Este folheto e outros recursos mencionados neste artigo podem ajudar membros de A.A. a tomar decisões esclarecidas. A ampla liberdade desfrutada pelos membros de A.A. vem acompanhada de uma grande responsabilidade.
Assim como muitos outros escritos de Bill W., um artigo publicado na edição de novembro de 1960 na revista Grapevine, propõe alguns princípios que permanecem válidos até hoje. Embora Bill se referisse naquela época à televisão, as ideias expressadas continuam servindo como guia para os AAs que compartilham suas experiências em um mundo cada vez mais digitalizado: “Uma grande rede de comunicações se estende agora por toda a terra, incluindo os rincões mais remotos.
Ainda considerando seus enormes benefícios públicos, este ilimitado fórum mundial é, no entanto, um vasto campo de caça para aqueles que procuram dinheiro, aclamação e poder em detrimento da sociedade em geral…
Portanto, não há nada mais importante para o bem-estar futuro de A.A. que a maneira como utilizemos esta colossal rede de comunicação. Se usada bem e sem egoísmo, os resultados podem exceder tudo que possamos imaginar. Se fizermos mau uso deste magnífico instrumento, acabaremos destruídos pelas exigências egoístas dos nossos próprios companheiros – muitas vezes motivadas por boas intenções. Contra este perigo, o espírito de sacrifício do anonimato de A.A. ao nível público mais elevado é, literalmente, nosso escudo e nossa defesa. Novamente, temos que confiar que o amor a A.A. e o amor a Deus sempre irão salvar a situação”.
Esperamos vê-los em Atlanta – e se virmos você, não contaremos para ninguém.
Abaixo algumas sugestões que poderão ajudar a colocar em prática o princípio do anonimato em Atlanta:
ONDE? Não devem ser feitas fotos ou vídeo-gravações em nenhuma reunião da Convenção
Internacional de 2015…
QUEM? Tenha cuidado para não capturar imagens em/ou perto dos locais da Convenção de membros de A.A., ou de seus parentes ou amigos, que não lhe tenham dado permissão para fazê-lo, e que, talvez, não queiram aparecer nas suas fotos e vídeos…
QUANDO? Você deve obter permissão antes de tirar fotos – e falar brevemente com as pessoas sobre como vai proteger o anonimato de todos…
O QUE? Certifique-se de que há não há cartazes, logotipos, etiquetas e outros materiais da Convenção de A.A. que, se eles aparecerem em uma foto, poderá indicar que os personagens são membros de A.A.
POR QUE? … porque o anonimato é responsabilidade de TODOS NÓS.
Ainda a respeito desse assunto
Fotografias em eventos de A.A.: Pensar antes de clicar
Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2007 (pág. 3-4) => https://www.aa.org/sites/default/files/newsletters/sp_box459_febmar07.pdf
Título original: “Fotos en los eventos de A.A. Pensar antes de pulsar”.
Atualmente, quando se podem bater fotos dos nossos amigos de A.A. com um rápido movimento de “focalizar e clicar” a partir de qualquer telefone celular, está mais fácil que nunca esquecer a Decima Primeira Tradição de A.A. que diz: “Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no radio e em filmes”. E de fato, esta Tradição resistiu às provas do tempo.
Na Conferência de Serviços Gerais de 1974, Ruth H., então Delegada do Sudeste de Nova York, disse: “Recentemente um membro local tirou fotos de todos os assistentes a um aniversário pessoal, sem perguntar a alguém se queria ou não ser fotografado. O participante de honra (que está sóbrio há muitos anos em A.A.) foi fotografado junto com os oradores e cortando o bolo, como se fosse um casamento. Quando perguntou ao fotógrafo se havia pedido permissão aos assistentes para tirar fotos, ele disse: ‘É o meu Grupo e a câmera é minha’”. Em outro caso, relatou Ruth, um membro que tinha sido fotografado na reunião do seu aniversario, “ingenuamente colocou a fotografia na mesa da sala de estar da sua casa. Um vizinho entrou, olhou e indicou com o dedo outra pessoa na foto dizendo ‘não sabia que ele era membro de A.A.’”.
“Esse assunto”, disse Ruth, “foi apresentado na assembleia de Área. Alguns disseram: ‘todo mundo me via bêbado, porque haveria de me esconder em A.A.?’”. Outros opinavam que se poderiam afugentar os principiantes, ou, pelo contrário, os principiantes podem pensar que ficaria bem chegar na próxima reunião de aniversário munido de uma câmera. Depois de discutir o assunto, Ruth disse, “a assembleia aprovou a moção de que nosso Comitê de Área ‘sugere energicamente’ que não sejam feitas fotografias em nenhuma reunião de A.A. – para proteger o anonimato de todos os presentes e não afugentar os participantes, uma vez que fazer fotos viola ‘o espirito da Primeira, Décima Primeira e Décima Segunda Tradições’”.
Atualmente, a decisão de fazer ou não fazer fotos de membros de A.A. nos eventos de A.A. é um assunto de consciência de Grupo. Por exemplo, antes ou depois do último café da manhã/almoço da Conferência de Serviços Gerais, são feitas muitas fotografias – mas não durante nenhuma das sessões plenárias. De acordo com um membro do pessoal do Escritório de Serviços Gerais – ESG, a experiência coletiva de A.A. indica que deve ser consultada a consciência de Grupo antes de tomar uma decisão desse tipo. Se a consciência de Grupo não aprova que se façam fotos, seria prudente anunciar essa decisão de forma reiterada a todo o Grupo. E em todos os casos, antes de fazer uma fotografia de um ou mais membros, é sugerido pedir permissão tanto a eles como ao servidor indicado pelo Grupo para lidar com esse assunto.
Repetidamente, a experiência demonstrou aos AAs que estar no foco do público é perigoso para a nossa sobriedade pessoal – e para nossa sobrevivência coletiva se quebramos o anonimato diante do público e depois nos embriagamos. Mas, como disse Bill W., nosso cofundador, “era preciso dar a conhecer A.A. de alguma maneira. Assim, recorremos à ideia de que seria muito melhor deixar que nossos amigos o fizessem por nós” – entre eles, nossos sete Custódios não alcoólicos (N.T.: no Brasil são quatro). Podem ficar na frente das câmeras ou utilizar seus nomes completos sem risco para si próprios ou para a Irmandade. Assim, fazem chegar a mensagem de A.A. a muitos alcoólicos doentes e aos profissionais que os atendem e cuidam deles.
Numa seção do Livro de Trabalho de Informação Pública são oferecidas sugestões “Para levar a mensagem através dos meios de comunicação”. Sugere que quando um membro de A.A. aparece na TV, no rádio ou na internet, e se identifica como tal, “será prudente fazer alguns acertos anteriores com o entrevistador para que seja utilizado apenas o primeiro nome, e para que sua imagem apareça em forma de silhueta, sem possibilidade de ser identificada. Na Conferência de Serviços Gerais de 1968, foi manifestada a opinião de que ‘aparecer na TV de uma maneira que se possa ver todo o rosto é uma quebra de anonimato ainda que não seja revelado o nome completo’”. Entretanto, se um membro de A.A. aparece publicamente como um alcoólico recuperado ou em recuperação, mas não revela que é membro de A.A., “não há nenhum problema com respeito ao anonimato. O membro aparece como qualquer outro convidado pode utilizar seu nome completo e sua imagem pode ser reproduzida normalmente”.
É importante ter em conta que “um membro de A.A. que apareça como tal, com o anonimato protegido, em um programa de entrevistas deve explicar com antecedência ao entrevistador que os AAs tradicionalmente limitam seus comentários ao programa de A.A. O membro não se apresenta como um especialista nem fala a respeito da doença do alcoolismo, as drogas, o índice de suicídios, etc.”. Tradicionalmente, “os AAs falam por si próprios, não pela Irmandade em seu conjunto”. Geralmente costumam ressaltar que “o único interesse de A.A. é a recuperação e a sobriedade continuada” dos alcoólicos que procuram a Irmandade em busca de ajuda. E que, “quando falamos como membros de A.A. asseguramo-nos de dizer que A.A. não opina sobre assuntos alheios à Irmandade”.
Ao refletir sobre as nossas Tradições de anonimato no número de outubro de 1948 da Grapevine, Bill W. expressou com franqueza e um toque de humor, uma ideia que ainda tem ressonância na atualidade: “Temos bons amigos à direita e à esquerda, tanto entre os proibicionistas como entre os anti-proibicionistas. Como a maioria das sociedades, às vezes somos escandalosos – mas nunca em público… Nossos amigos da imprensa e do rádio superaram-se a si próprios. Qualquer um pode ver que parecemos estar mimados. Nossa reputação já é muito melhor que o nosso caráter real”.